Análise: Gotham Knights

Por Ricardo Syozi

A série de jogos Batman Arkham já recebeu muitos prêmios, críticas positivas e aplausos por parte dos fãs. Entretanto, ela não é à prova de defeitos. Há quem prefira fingir que Arkham Origins nunca existiu, enquanto há jogadores que simplesmente não aguentam as partes com o batmóvel em Arkham Knight.

Porém, quase tudo o que Gotham Knights faz, acaba sendo abaixo do que foi feito em todos os títulos anteriores da franquia. E isso é uma pena enorme.

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Tristeza e aceitação

O game foi desenvolvido pela Warner Montreal, a mesma de Origins. Ele começa com a morte do homem-morcego e um caso que o herói deixou de concluir. A partir daí, a equipe composta por Batgirl, Robin, Asa Noturna e Capuz Vermelho decide dar prosseguimento com a investigação. Tudo isso enquanto tentam lidar com a perda de seu mentor e líder.

Gotham Knights é um jogo de RPG de ação de mundo aberto. Ele funciona quase que em sua totalidade como qualquer outro título da série, com exploração, missões e porradaria. A diferença é que cada um dos quatro personagens tem suas próprias características e gimmicks.

Por exemplo, Batgirl é focada em stealth e Capuz Vermelho é pura força. O jogador pode selecionar qualquer um deles em qualquer momento, o que abre pontos narrativos exclusivos do herói. Um detalhe bacaninha que precisa ser ressaltado.

A narrativa é interessante do começo ao fim. É fácil se relacionar com os personagens em sua busca pela verdade e pela aceitação da morte do Batman. Os vilões também dão um toque interessante para a narrativa, oferecendo reviravoltas dignas de uma boa HQ. Nomes secundários como Alfred e Harley Quinn ajudam no ritmo da aventura, garantindo ótimas situações ao game. 

Contudo, os elogios a Gotham Knights param por aí.

Cara de geração passada na geração atual

Curiosamente, não há bugs e glitches irritantes ou crashes que estragam toda a brincadeira. Na verdade, mesmo rodando a apenas 30 quadros por segundo, a jornada dos heróis é fluída e fácil de controlar.

No entanto, depois de jogar por mais de 30 horas, posso dizer que o que falta na obra são boas ideias. Com exceção do plot e da variedade entre o quarteto, todo o resto em Gotham Knights parece que poderia ter sido lançado duas gerações atrás.

O sistema de combate tenta oferecer malabarismos e habilidades especiais como em qualquer RPG, mas falha em inovar. Depois de dois ou três encontros, o jogador entende que a peleja não vai sair muito disso. Ou seja, socar e desviar, socar e desviar.

A equipe de desenvolvimento até tentou oferecer um sistema de loot para aprimorar o equipamento do grupo, mas até nisso ele não consegue se destacar. Outro ponto totalmente desnecessário são os níveis nos inimigos e personagens. Isso apenas serve para fazer as batalhas durarem mais tempo, trazendo pouca profundidade para a aventura. 

Até mesmo passear pelo mapa é mais um “trabalho” do que um “passeio”. Falta o dinamismo dos outros jogos da série, enquanto sobra aquele suspiro de falta de paciência na hora de precisar pilotar uma das motos pela décima vez.

Há a opção de jogatina em multiplayer online, com cada pessoa assumindo a capa de um dos vigilantes. Aqui, tudo funciona super bem, garantindo exploração e colaboração o tempo todo. Todavia, é altamente recomendável juntar os amigos, pois jogar com usuários aleatórios pode atrapalhar por causa de seus níveis ou simplesmente pela falta de boa vontade.

Vale a pena jogar Gotham Knights?

Gotham Knights deveria ter sido lançado em 2010. O título não consegue mostrar praticamente nenhuma ideia inovadora, mesmo trazendo uma narrativa redonda para os fãs. Seu desempenho cravado em 30 fps é uma amostra muito clara da pressa para seu lançamento alcançar a janela esperada pela empresa.

Não me leve a mal, eu me diverti com o game da Warner Montreal, contudo, ele é muito abaixo do que poderia ter sido. Repetitivo e pouco inspirado. No fim do dia, eu o indico apenas para fãs que precisam de mais uma dose do mundo sombrio de Gotham City nos games.

O game está disponível para Xbox Series, PlayStation 5 e PCs.

* Análise feita com código cedido pela distribuidora