Review: Crystar

Por Ricardo Syozi

Depois mais de dois anos de seu lançamento para PCs e PlayStation 4, o RPG japonês Crystar finalmente chegou ao Nintendo Switch em março de 2022. A publicadora da vez é a NIS America, mesma companhia que traz para o ocidente obras como Disgaea e Ys.

O game conta a jornada da protagonista Rei dentro do purgatório. Ela deve derrotar almas perdidas para cumprir sua parte de um trato para salvar a vida de sua irmã mais nova. A partir daí, a personagem se depara com outras pessoas e seres, cada um com seus propósitos, sentimentos e arrependimentos. Ao seu lado há um guardião que a ajuda durante as batalhas, mas quase que de forma aleatória.

A experiência como um todo é ao mesmo tempo fascinante e muito entediante.

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Repetição é um outro nome para "Purgatório"

Vamos direto ao assunto da jogabilidade. Crystar traz dois momentos em sua aventura:

O primeiro é dentro do quarto de Rei. Aqui, podemos realizar preparações como customização de itens, roupas e distribuição de habilidades. Além disso, é possível conversar com outros personagens, ouvir as músicas do jogo e ainda fazer carinho em nosso cachorro.

A segunda parte é quando a personagem precisa entrar nas dungeons. Rei deve explorar o mapa, enfrentar inimigos, coletar itens e recursos, eventualmente enfrentando um chefe ao seu fim.

E isso ocorre por quase todo o game.

Dá pra notar que falta variedade em Crystar. Quando entramos no purgatório para encarar os desafios, nos é apresentado um sistema de batalha no estilo hack 'n slash, que é extremamente limitado e lento. Além disso, a variedade de inimigos é pequena, dando rapidamente uma sensação de estarmos fazendo a mesma coisa o tempo todo.

Outro ponto que representa reincidência é o cenário. Tudo é muito parecido, com algumas poucas mudanças de cores apenas. Em um capítulo você vai jogar dentro do purgatório roxo e no outro a cara será a mesma, mas dessa vez em um alaranjado. Entendo que elementos de dungeon crawling podem trazer esse sentimento, mas em Crystar isso é demais. 

Eu ignoraria toda esse nível de repetição se o combate fosse dinâmico e inventivo, porém não é o que acontece. Os golpes das personagens parecem pesados, os oponentes não trazem nenhum desafio e poder usar o seu guardião como um poder especial é sem brilho. Sem dúvida alguma, uma oportunidade desperdiçada.

Mas mesmo assim, a história acaba te fazendo a continuar por mais uma dungeon.

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Tristeza profunda em Crystar

É bom você saber o quanto antes: este é um game muito, mas muito triste. Durante a jornada de Rei, uma de suas principais ferramentas para assimilar tudo o que está ocorrendo é chorar. Assim, ela consegue purificar almas encontradas no purgatório.

Em cada capítulo, ela encontra outras personagens que vão fazer parte de seu time, além de almas perdidas. Todas, sem exceção, trazem consigo alguma história melancólica contada através de uma cutscene com arte a la Tim Burton. Cada uma dessas narrativas é muito deprimente, algumas até revoltante.

Não é a toa que a protagonista precisa chorar para resolver seus problemas.

Por toda a minha jogatina, eu ficava tenso a cada nova personagem introduzida. Sempre esperava pelo pior e nunca era decepcionado nesse quesito. Porém, gradualmente o desenvolvimento das aventureiras do pós-vida destaca temas como amizade e reconciliação. Algo que achei válido na história que a equipe de desenvolvimento quis contar.

Mesmo com tudo isso, as pontas que se amarram na narrativa de Crystar fazem a tristeza ser recompensada. Trazendo um final bem escrito que vale a conferida, isso se você aguentar toda a repetição de sua jogabilidade, claro.

Vale a pena jogar Crystar?

Encarar a jornada de Rei e suas amigas durante as mais de 20 horas não é uma tarefa fácil. Não que o game seja difícil, longe disso, mas ele é cansativo e, muitas vezes, entediante. As músicas são belíssimas, algo que pode fazer com que jogadores mais atenciosos se prendam a narrativa desse RPG desenvolvido pela japonesa FuRyu.

No geral, tudo vai depender de seu ânimo e sua resiliência em ficar ao lado da protagonista pelo purgatório por toda a aventura. Por último, se você gosta de dublagem, é bacaninha saber que há opções de vozes em inglês e japonês.

Encare Crystar no Nintendo Switch sabendo bem o que te aguarda.

* Análise feita com código cedido pela distribuidora

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