Review: GYLT
Por Ricardo Syozi
Games do gênero survival horror estão em alta. Além de remakes fortes, como Resident Evil 4 e Dead Space, há obras mais independentes chamando a atenção. É o caso de Amnesia: The Bunker e GYLT, por exemplo. Esse último não é exatamente uma novidade, pois foi lançado de forma exclusiva no Google Stadia em novembro de 2019. Contudo, com o encerramento da plataforma, o título finalmente deu as caras nos sistemas atuais.
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Vamos começar com as informações relevantes: GYLT foi desenvolvido pela Tequila Works, empresa espanhola que já lançou obras, como Deadlight e Rime. Pegando para comparar, dá para entender que a marca gosta de trabalhar a narrativa em suas produções. O jogo está disponível desde julho de 2023 para Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4, PS5 e Windows. O Nintendo Switch ficou de fora dessa. Seu gênero é o survival horror, exigindo bastante stealth por parte do jogador para conseguir explorar os cantos de cada área.
Terror não tão aterrorizante
A premissa coloca Sally, uma adolescente que sofre bullying e está em busca de sua prima Emily, em uma jornada em um mundo escuro e assustador. Ela se encontra em uma versão sombria de sua própria cidade, dando aquelas vibes de Silent Hill para os fãs do gênero. Essa história se encaixa em uma jogabilidade em terceira pessoa, na qual controlamos Sally por caminhos pré-determinados, evitando monstruosidades e adquirindo itens. Falando nisso, temos à disposição objetos desde uma lanterna, que serve para se proteger dos inimigos e iluminar o caminho, e bombinhas de asma, para recuperar vida.
GYLT tenta colocar o jogador em um mundo aterrorizante, escuro e sem vida, cheio de ameaças em formas diferentes. Por exemplo: há inimigos que se assemelham a corvos ambulantes, enquanto há outros que lembram demônios encapuzados. Nunca é uma boa encará-los de frente, já que a protagonista não é uma guerreira de espada e escudo. Sendo assim, a ideia é usar o stealth para passar pelos monstros sem ser vista ou atacá-los pelas costas para destruí-los instantaneamente.
E nisso, o game retira muito do que o faz aterrorizante, já que é muito fácil se esconder e depois derrotar as aberrações. Há momentos mais complicados, claro, mas nada lá muito difícil. Com essa saída, a aventura passa a ser mais um filme de terror teen do que um novo “O Exorcista”. Não há nada de errado com isso, mas se você busca por uma experiência que te deixará sem dormir, o título da Tequila Works não é a melhor opção.
Trabalho feito com carinho
Há um ponto que preciso elogiar em GYLT: o conjunto da obra. O game é muito bem polido, trazendo poucos momentos de desconforto visual ou de bugs. Além disso, a dublagem é soberba, com o destaque para Emily Madelyn Grace, que dá a voz para Sally. Ela fala sozinha em boa parte do jogo, apontando o que vê e o que sente. Assim, a imersão é garantida, pois parece que ela expressa seus sentimentos ao mesmo tempo que o jogador, seja ao encontrar uma figura assustadora ou desvendando um puzzle complicado.
Tudo isso mostra como o game foi feito com carinho pela equipe de desenvolvimento. Da mesma forma como foi feito em outras produções do estúdio, aqui há muitos detalhes pessoais que seguem uma temática específica. Se em Rime, por exemplo, o tema é o de aceitação. Em GYLT, a pegada é o bullying e como lidamos com isso. Aí já fica o meu aviso: se você tem gatilhos com o tema, talvez seja uma boa ideia se preparar bem antes de começar a jornada nesse survival horror.
Por outro lado, há algo que me incomodou completamente no game: a forma como ele pega na mão do jogador. Além de oferecer pouquíssimos caminhos alternativos, deixando a aventura muito linear. Há sempre um aviso explicando para o que serve cada item que pegamos. Mesmo se já o usamos dezenas de vezes, ele continua te dando um mini tutorial cada vez que o adquire. Isso é chato e diminui a imersão.
Vale a pena jogar GYLT?
A obra mais recente da Tequila Works a chegar nos consoles e PCs se esforça para entregar um mundo assustador e imersivo, mas nem sempre consegue fazê-lo. Sua narrativa é interessante, cheia de percalços e momentos interessantes, o que promete cerca de 10 horas de jogatina.
Seu alto nível de facilidade a separa de outros games de survival horror, pois há muitos itens espalhados, o que diminui a sensação de urgência do gênero. Porém, se você gosta de fazer parte de uma jornada com bons personagens, filosofia e sentimentalismo, então pode ser que GYLT seja exatamente o que você precisa. Eu esperaria um desconto para adicionar o título na minha biblioteca.
Joguei a versão de PS5 e ela correspondeu completamente no quesito desempenho.
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