Review: Like a Dragon Ishin!

Por Ricardo Syozi

Jogar Like a Dragon: Ishin! em 2023 traz uma mistura curiosa de sentimentos. Ao mesmo tempo em que o game mantém o alto nível de qualidade de narrativa dos jogos da franquia Yakuza, ele se apresenta datado em partes técnicas como sua câmera e movimentação dos personagens. Como resultado, a experiência passa a ser indicada quase que exclusivamente para quem já é fã da série.

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Passado glorioso

Assim como boa parte da IP da Sega desenvolvida pelo estúdio japonês Ryu Ga Gotoku, grande parte da graça desta aventura se deve à sua história envolvente e seus personagens interessantes. A maioria é uma versão de nomes conhecidos como Kazuma Kiryu e Goro Majima, mas ainda assim conseguem manter uma personalidade única.

A jornada de Like a Dragon: Ishin! coloca o jogador em um Japão de 1860, na qual há bastante diferença de classes sociais, o que faz com que os moradores sejam maltratados de diversas maneiras. O protagonista, Sakamoto Ryoma, se vê em meio a uma conspiração e em pequenas guerras criadas para mudar o sistema de hierarquia das regiões japonesas. Com isso, a moralidade do dono do controle é testada a cada nova reviravolta. 

Mesmo se passando mais de mil anos atrás, a narrativa dessa obra se apresenta moderna em muitas camadas, sempre tocando em assuntos delicados de um jeito competente e, muitas vezes, irreverente. Contudo, para os desavisados, é preciso ter paciência, pois demora um pouco para a jogatina se tornar-se realmente interessante. 

Seja como for, as personificações de nomes clássicos da franquia da Sega se mostram muito acertadas, fazendo com que o jogador logo defina quem é o seu favorito e por quem vai torcer durante as 30 horas de jogo.

Essa câmera merece um corte de espada

Mesmo com uma trama amplamente interessante, há defeitos levemente irritantes em Like a Dragon: Ishin!. Primeiramente, a câmera não é das melhores, muitas vezes obrigando o dono do controle a respirar fundo para não quebrar alguma coisa. É claro que não se trata de algo horrível, mas que exige bastante paciência.

Além disso, as texturas insistem em apenas terminar de renderizar dois ou três segundos depois que uma nova área ou animação aparece. Isso é perceptível, o que consegue tirar a imersão rapidamente. Ou seja, toda a sensação de estar acompanhando um filme antigo japonês desaparece assim que entramos em um local ou uma cutscene dá as caras.

Para quem gosta de ouvir as vozes em diálogos, vale apontar que o jogo só oferece momentos assim em conversas realmente importantes. Em um bate-papo comum, por exemplo, há apenas a caixinha de texto e, de vez em quando, um efeito sonoro aqui e ali. Para mim, isso não chega a incomodar, mas se a pessoa for exigente nesse quesito, então é bom se preparar para se decepcionar. 

É claro que esse é um remake de uma obra lançada em 2014 exclusivamente no Japão, mas sinto que melhorias poderiam ter sido feitas.

Vale a pena jogar Like a Dragon: Ishin!?

Se você nunca jogou um título da série Yakuza, é interessante saber o que te espera em Like a Dragon: Ishin!. O mundo é semiaberto, com diversas missões secundárias espalhadas pelo mapa. Ademais, há minigames que podem ser curtidos a qualquer momento, oferecendo momentos de relaxamento para o jogador.

O sistema de batalha traz uma pegada beat ‘em up com quatro estilos distintos. Cada um pode ser aprimorado com o passar do tempo, dando ao usuário a chance de escolher o que preferir na aventura. Por exemplo: você pode querer ser o melhor espadachim ou um atirador de elite. Tudo depende de sua vontade. 

Em suma, Like a Dragon: Ishin! é uma aventura muito interessante, que consegue prender o jogador depois das cinco primeiras horas. Por outro lado, suas defasagens técnicas podem desanimar e, até mesmo, afastar aqueles que ainda não se apaixonaram pela franquia da Sega e do estúdio  Ryu Ga Gotoku. Se você investir tempo aqui, no final da jornada vai estar totalmente satisfeito.

O game está disponível para PC, PlayStation 4, PS5, Xbox One e Xbox Series.