Sonic: O Filme é um clichê que dá certo

Por Victor Ponciani

Em 4 de Abril de 2019, um trailer se tornou infame por entrar no vale da estranheza com um modelo horrível do ouriço azul da Sega. Ele tenta ser mais realista, adicionando péssimas decisões como olhos pequenos e dentes humanos ao personagem.

Bom, não preciso dizer que este trailer não foi muito bem aceito. Com isso, a Paramount Pictures chamou Tyson Hesse, um dos principais artistas que trabalhou em várias mídias do Sonic na Archie Comics e nas animações de Sonic Mania. Em seguida, o filme foi adiado para 2020, apresentando um design mais próximo dos jogos.

Com tudo isso, o lançamento de Sonic: O Filme ocorreu em 13 de fevereiro de 2020. Mas a espera valeu a pena?

O clichê que vale a pena

Clichê é uma palavra constante neste filme, mas pelos bons motivos. Temos Sonic se escondendo em nosso mundo por algum motivo. Nada fora do padrão Hollywood, mas que de alguma forma maluca, dá certo aqui.

Assim, damos de cara com um dos vilões mais icônicos de todos os tempos: o doutor Robotnik, interpretado por ninguém menos que Jim Carrey. Isso foi algo que eu e muitas pessoas achamos estranho no começo, porque por mais que Jim seja um excelente ator, o físico dele não bate em nada com o que conhecemos do personagem, muito menos a aparência.

A partir daí, começamos uma corrida contra o tempo. De um lado temos Sonic com ajuda do policial local Tom. Eles tentam chegar a San Francisco para fugir do nosso mundo. Do outro lado, temos Robotnik, que os caça para tentar roubar os poderes do ouriço.

Se formos pensar, esse filme tem pouquíssimas coisas de Sonic nele. Tirando os personagens que conhecemos e algumas referências, o filme é um clichê bem conhecido de um humano e um personagem de animação tentando voltar para seu mundo.

Esse tipo de clichê é uma exigência muito comum em Hollywood, na qual os produtores fazem exigências imbecis. Caso tudo traga sucesso, a sequência pode trazer uma liberdade criativa muito maior para diretores e roteiristas. E isso é o que pode e deve ocorrer em Sonic 2 que chega em 2022.

O futuro pode ser brilhante

A ideia de que o Sonic é um personagem “legal” é empurrada pela Sega há muitos anos. Porém, o ouriço sempre tenta ser legal ao invés de agir como um personagem legal, o que facilmente se torna irritante. Exemplos disso são os diálogos em Sonic Forces e Sonic Colors.

Curiosamente, nesse filme isso funciona! Pois, ele foi criado sem amigos e cercado apenas por filmes e gibis que são cheios de personagens com frases feitas e cenas de ação, então ver ele tentando essas frases clichês e dancinhas da moda é algo normal para ele.

O desenvolvimento do herói acaba sendo bem claro, aumentando em muitos níveis a qualidade do longa-metragem. Mesmo assim, não podemos esquecer que tudo nele é clichê, mas ainda assim divertido.

Outro destaque é ver o Jim Carrey como Robotnik, isso foi uma incrível surpresa, principalmente por ele ter conseguido equilibrar lindamente como o personagem pode ser engraçado e uma ameaça ao mesmo tempo.

No fim do dia, Sonic: O Filme é uma obra feita para os fãs e para os não tão fãs. Conseguir a proeza de alcançar sucesso de crítica e bilheteria com esses dois pesos na balança não é algo fácil. 

Vamos ver o que virá em sua sequência.